No troar dos cascos, entre o
tinir dos metais cruzando-se no choque da brutalidade... insana...
À frente vinha a cavalaria
grosseira. Entre os urros de guerra e o tropel da correria e desatino, eu vi-te.
Sabia que serias tu. Mas no furor, cego de insanidade, não tinhas percepção de
nada. A imaturidade marcava-te como um estilete. Fatídico. Serias meu!
Acoitando-me na invisibilidade,
usei a capa do alheamento para esconder-te o meu olhar; denunciaria-me.
Enquanto te embriagavas na estúpida violência da batalha, eu espiava-te e
estudava com deleite a tua nudez exposta. A tua fragilidade jovial. Como havia
querido, posicionaste-te junto a mim, vulnerável, ao meu dispor. Eu, predador
por natureza, assolapado, esperava o momento do bote. Pertencias-me, corcel
tolo!
Todas as investidas dos teus
correligionários, eu rechaçava com vigor, mas subtilmente. Dissimulado. Até que, quando me viste, já eu era um rugido golpeando-te com bestial vigor. Sucumbiste.
Espanto no teu olhar desamparado. Eu saciava a monstruosidade do meu desejo.