terça-feira, 11 de junho de 2013

POESIA: DOIS TONS


Poema em duas versões:

NOME
Ao acordar rasguei todos os meus desenhos, coloquei uns óculos escuros e saí sem nome.

NADA
Ao acordar rasguei todos os meus desenhos, coloquei uns óculos escuros e saí sem nada.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

CONTO: JOSIAS



JOSIAS

O rapaz iceberg.

Imenso... o mar imenso. Oceano. Vasto, a perder de vista, até ao horizonte sempre longínquo.

Um imenso deserto aquático. Olhando... infinito. Estático não. Além da inquietude nervosa da sua superfície agitando-se num sobe e desce contínuo de ondulações maiores ou menores, aqui e ali salpicadas de branca espuma, salgada. No entanto, no segredo do seu seio sempre circulando, se renovando. Correntes levam as suas águas, mais ou menos frias, por todo o globo. Trazem e levam, sem nada mudar, aparentemente, mas distribuindo vida e fartura por todas as coordenadas.

A norte e a sul, bem nos topos. O mar gelado. O imenso manto branco. A alva crosta, acima e abaixo da qual a vida se faz, determinada, persistente, decidida a vencer e sobreviver.

Cobre-se duma camada espessa e dura. Um mundo inóspito, onde seres improváveis encontram seu meio de subsistir e levar adiante os ciclos da vida.

Mas nada é estático e duradouro. As adversidades quebram o banco de gelo. O vai vem contínuo das ondas. O sobe e desce das marés. A temperatura subindo e os ventos pressionando. No campo uniforme, inóspito, a crosta gelada foi abrindo brechas, cavando abismos, separando blocos. Rasgando o que era uno.

Das geleiras montanhosas desce um veio imenso ao encontro do mar. Fragmentos dispersando-se em direcções diversas. Icebergs vogando em rumos incertos. Divergindo. Separando-se.  Afastando-se. Isolando-se.

O iceberg oculto.

Assim as vidas vão e vêm, num fluxo irregular e inesperado. Por vezes adverso à nossa tranquilidade - muitas vezes. Contrário ao nosso anseio de felicidade.

Um iceberg pode ser imenso acima da superfície, mas ele é maior ainda abaixo dela. Assim é a tristeza que se percebe nos olhos de Josias. Um olhar meigo e carinhoso, mas que guarda uma imensa mágoa interior. A dor que cava fundo um negro pesado, que lhe avassala a alma, que torna os seus passos uma caminhada sobre escolhos, um deambular cego na escuridão dos medos moldados pela desolação do abandono.

Ser amado por piedade é cruel.

Um pai que não se importa. Uma mãe que abandona a cria. Recolhido aqui, rejeitado além, perdido entre uns e outros, sem saber os que irão permanecer ou em quem confiar. Uma vida à deriva, procurando modelos e carinhos, mas recebendo olhares e afectos piedosos. Quando não mesmo escusas disfarçadas, mas perceptíveis para uma jovem alma sofrida e carente.

Derivar num mar negro com receio de afundar no abismo. No poço sem luz onde só monstros roçam a pele, deixando o rasto do pavor. Um odor amargo que se entranha fundo, abaixo da pele, abaixo da forma, abaixo da carne, abaixo do nervo. E faz parte do ser. A travessia dum vazio imenso – árido, deserto, doloroso, impiedoso -, perseguindo um horizonte cada vez mais longínquo. Inalcançável.

O gelo profundo.

Escondendo abaixo da superfície plácida a imensa dor de que é feita a sua existência. Uma dor que chega a ser parte da sua identidade, que o define como é, como pessoa. Dor tão profunda que por vezes nem ele se apercebe dela, mas está lá, sempre, constante.

Mas sendo diferente, não é único. Muitos vogam por aí, perdidos, isolados, à deriva num mundo que os ignora e assimila como iguais, como “mais um” na turba imensa de anónimos sem nome, sem designação. Muitos meninos sem o calor do afago dos progenitores. Muitos meninos icebergs.

O cristal de gelo.

Josias vai encontrando um aconchego aqui, outro ali, mas não passam de puras emendas, num remendo que insiste em se esgaçar e mostrar a falha profunda, dum vazio imenso. Insarável. Um parente que o acolhe, mas não basta. Um amigo que inspira confiança, mas logo se vai. Uma paixão que desperta anseios, mas se dilui em desilusão.

Sente-se acolhido e momentaneamente feliz, mas logo o profundo abismo do imenso mar recorda-lhe a sua condição de rapaz iceberg, de menino perdido, desgarrado dum afecto que sempre lhe foi negado. E embora, tal como o gelo se dilui no oceano, ele ir-se-á esquecendo na vida, mas o seu coração se manterá cristalizado. Uma gema cintilante, enterrada no olvido.


Dedicado ao meu amigo Josafa Mariano, a pedido de quem o escrevi.

terça-feira, 4 de junho de 2013

REGRESSO



Bem vindos!

Após quase 3 anos de interregno, estamos de volta. E como todo o regresso é algo de novo, iremos também renovar o formato e expandir conteúdos. Conto com a vossa colaboração e participação para nos inspirarmos e enriquecermos este espaço, que desejamos seja sempre e cada vez, mais criativo e inovador.

O nosso Amor para todos vós!


ManDrag yThén de Lokmar

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MANUS ANIMAE FAMINUS



Angst
Desolatis Stretchus
Animas desertis finus
Alamis suplicatis petrus vitis
Pluviantis domus ignatis
Lamentus corpus
Eternalis

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

SANCTUARIUS


Sombrus
Invictus lamentarae
Sinistrus oníricus 
Matalote in thalassus deserticum

Monksus cantactus in florestalis basilicus echoarum
Noctivalum
Manus vidus
Richercarum

Derivarum

Derivarium


quarta-feira, 13 de maio de 2009

STRATOS FEAR



Space, the final frontier

Across the Universe one after nine 'o' nine
I got a feeling for you blue and I feel fine.

I tried so hard to make believe that I'd See.

Three A M at the border of the marsh from okefenokee
I watched C-beams glitter in the darkness
Did you get your photos? Your precious photos?

All those moments will be lost in time like tears in the rain.

Is too bad she won't live! But then again, who does?
Men? POLICE men?
We're not computars, we're physical.

Time to die.

May the Force be with you!