terça-feira, 13 de agosto de 2013

PIPA




Os gritos... os guinchos, as correrias...

O vaivém nervoso, febril... o entusiasmo da disputa, da tentativa de... tentativa?!... apenas a alegria.

O fio que se desenrola rápido da lata e o papagaio subindo alto, com a sua cauda trémula, reluzindo contra o azul celeste. O colorido garrido, geométrico, estalando como um berro no monocromático pálido céu da tarde ensolarada.

Enjaulado, sonho-me correndo junto com essas crianças. Sou a vida pulsando alegre naqueles membros franzinos e morenos. Agarrado às grades, eu definho enquanto voo... naquele papagaio que volteia no fundo da alma, estampado no céu sem fim.

Chinelos sacudidos com desleixo, para não atrapalhar a corrida. Mais tarde serão recolhidos desatentamente. Pés descalços voando sobre a terra, lama e água, perseguindo a queda errática... pulos, saltos, arranques e travadas súbitas.

Escalar muros, trepar árvores, tudo em alvoroço e excitação... na recolha do troféu! Cabeças erguidas. Olhares esgazeados fitando alto! Alto... Além...



1 comentário:

Beth/Lilás disse...

Amigo querido, és uma alma leve, sonhas em se perder no céu, levitar como uma pipa.
Adorei sua prosa poética! Só quem observa a natureza e a vida pulsante é que escreve bonito assim.
um grande abraço carioca