Os gritos... os guinchos, as
correrias...
O vaivém nervoso, febril... o
entusiasmo da disputa, da tentativa de... tentativa?!... apenas a alegria.
O fio que se desenrola rápido da
lata e o papagaio subindo alto, com a sua cauda trémula, reluzindo contra o
azul celeste. O colorido garrido, geométrico, estalando como um berro no
monocromático pálido céu da tarde ensolarada.
Enjaulado, sonho-me correndo
junto com essas crianças. Sou a vida pulsando alegre naqueles membros franzinos
e morenos. Agarrado às grades, eu definho enquanto voo... naquele papagaio que
volteia no fundo da alma, estampado no céu sem fim.
Chinelos sacudidos com desleixo,
para não atrapalhar a corrida. Mais tarde serão recolhidos desatentamente. Pés descalços
voando sobre a terra, lama e água, perseguindo a queda errática... pulos, saltos,
arranques e travadas súbitas.
Escalar muros, trepar árvores,
tudo em alvoroço e excitação... na recolha do troféu! Cabeças erguidas. Olhares
esgazeados fitando alto! Alto... Além...
1 comentário:
Amigo querido, és uma alma leve, sonhas em se perder no céu, levitar como uma pipa.
Adorei sua prosa poética! Só quem observa a natureza e a vida pulsante é que escreve bonito assim.
um grande abraço carioca
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